sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Os tributários e a sistemática vegetal


O processo de ocupação do território brasileiro caracterizou-se pela falta de planejamento e destruição dos recursos naturais, especialmente as matas ciliares. Segundo Marinho (2009), a drástica redução das matas ciliares é conseqüência da expansão das cidades, poluição industrial e a extração de areia dos afluentes e rios.

A degradação ambiental põe em risco o ambiente do planeta e a sobrevivência de seus habitantes. No processo de crescimento, a cidade invade as margens dos córregos que antes eram distantes da ocupação urbana. A retirada da mata ciliar com a construção de canais para os córregos, a impermeabilidade do solo pelo asfalto e pelo cimento, o uso inadequado do solo para loteamentos e instalações industriais são motivos que levam ao assoreamento, erosão e enchentes dos córregos.

As matas ciliares, também conhecidas como mata de galeria, mata de várzea, vegetação ou floresta ripária, é a formação vegetal nas margens dos rios, córregos, lagos, represas e nascentes. O nome vem do fato de serem tão importantes para a proteção de rios e lagos como os cílios são para os olhos.

As matas ciliares possuem características típicas com grande quantidade de epífitas e musgos, solo bastante argiloso, úmido e rico em húmus. São compostas por uma vegetação densa que inclui desde espécies herbáceas e arbustivas até árvores de grande porte.

Por estarem às margens dos rios, não apresentam adaptações que impedem um alto nível de transpiração, fazendo com que o grau de umidade no interior destas matas seja elevado.

De acordo com Martins (2009), apesar da sua importância ecológica, em áreas urbanas, a mata ciliar é substituída por casas e ruas, resultando na aceleração da velocidade da água que chega e passa pelos corpos d’água causando alagamentos em épocas de chuvas. As áreas já destruídas e ocupadas com outras formações vegetais podem ajudar a evitar o assoreamento, embora não sejam eficientes como a mata ciliar.

Quando a água da chuva não encontra nenhum tipo de barreira ou proteção ao cair no solo nu. Ela escorre com rapidez pela superfície da terra e não se infiltra. O solo não fica devidamente encharcado e não abastece o lençol freático, que fica mais vazio. Essa água que escorre com rapidez, arrasta para os córregos grandes quantidades de areia, terra e outros sólidos, fazendo com que fiquem mais rasos e, em conseqüência, mais largos e lentos. Esse processo é denominado de assoreamento (Água no Brasil. Data: 5 nov. 2009).

A remoção da mata ciliar elimina a capacidade de proteção dos afluentes que essa vegetação proporciona em amortecer os desequilíbrios causados pelas cheias ou por outros eventos. Por outro lado a canalização de córregos, não respeita a natureza, sendo causa freqüente das enchentes e de muitos assoreamentos. O uso de concreto e cimento nesse tipo de obra, além de encarecer o saneamento, causa uma rápida degradação da água levando a extinção da flora e fauna.

Conforme Motta (2000), a retificação de córregos é um tipo de obra ultrapassada em termos ecológicos. Em muitas regiões da Europa e EUA, estão sendo desfeitas e o antigo leito do afluente sendo recuperado e toda a região revitalizada.

Desse modo, aumenta a necessidade de preservar as matas ciliares ao longo dos cursos de água. A principal exigência dos órgãos ambientais tem sido o reflorestamento, como medida redutora dos impactos causados pela ocupação e retirada das matas ciliares.

Apesar de sua conservação ser garantida por lei, são raríssimos os casos em que os limites mínimos estabelecidos têm sido respeitados (Figura 5: anexo). De acordo com seus parâmetros e limites definido pela Lei 4.771/65 303/02, no artigo 2º, são Áreas de Preservação Permanente (APP’s). Pelo efeito dessa lei, as florestas e demais formas de vegetação natural, situadas ao longo dos rios ou de qualquer outro curso d’água, em faixa marginal, a largura mínima será de 30 metros para os rios com até 10 metros de largura; nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados ‘olhos d’água’, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio de 50 metros de largura. O Código Florestal, também diz no artigo 3º, que consideram de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas a atenuar a erosão das terras.

A recomposição da mata ciliar é um dos fatores que, junto com outras práticas de conservação, como proteção das zonas acima das nascentes; uso adequado do solo, é fundamental para a preservação do lençol freático; e a existência de matas nos topos dos morros, compõe o manejo adequado da bacia, o que garante a quantidade e qualidade da água e da biodiversidade.

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